"Havia certo homem de Ramataim, zufita, dos montes de Efraim, chamado Elcana, filho de Jeroão, neto de Eliú e bisneto de Toú, filho do efraimita Zufe. Ele tinha duas mulheres; uma se chamava Ana, e a outra Penina. Penina tinha filhos, Ana, porém, não tinha." 1 Samuel 1:1,2
O problema de Ana começa por não ter filhos.
Dentro da cultura judaica a mulher estéril era
considerada incompleta, faltava-lhe o fim pelo qual as mulheres, na concepção
deles, vinham ao mundo.
Ana se vê numa condição mais rebaixada por sua
opositora ter o que ela não pode ter, filhos.
Nada nos fere mais do que a incapacidade constatada
pela capacidade de quem está mais próximo a nós.
Você é tímido e se sente ferido pela ousadia dos seus
amigos.
Você tem uma fé oscilante e se sente ferido pela fé
inabalável dos irmãos que te cercam.
Você desiste fácil de seus projetos e se sente ferido por
aqueles que conseguem ir até o fim.
Você está sozinho e se sente ferido ao ver seus amigos
todos namorando.
Você está desempregado e sente ferido por que todos que
conhece estão trabalhando.
Se você pensa assim, muito bem, você entende Ana.
"Subia, pois, este homem, da sua cidade, de ano em ano, a adorar e a sacrificar ao Senhor dos Exércitos em Siló; e estavam ali os sacerdotes do Senhor, Hofni e Finéias, os dois filhos de Eli. E sucedeu que no dia em que Elcana sacrificava, dava ele porções a Penina, sua mulher, e a todos os seus filhos, e a todas as suas filhas. Porém a Ana dava uma parte excelente; porque amava a Ana, embora o Senhor lhe tivesse cerrado a madre." 1 Samuel 1:3-5
“... amava a Ana, embora o Senhor lhe tivesse cerrado a madre.”
Elcana amava sua esposa, independente de como
culturalmente a viam.
Ser amado pelo que somos deveria sempre nos dar
alegria, mas como Ana, muitas vezes deixamos de lado o amor e nos entristecemos
por não sermos o que desejam que sejamos.
Somos muito mais amados por Deus do que Ana por Elcana,
mas menosprezamos da mesma forma que ela esse amor.
Jesus também nos deu porção dobrada de seu amor por
nós, mas nos preocupamos em ser o que a sociedade nos impõe, por isso, ainda
que amados, nos sentimos infelizes.
Você pensa que deveria ter mais estudo, mais dinheiro,
mais status ou ter alguém só pra você, ou uma família melhor, filhos mais
obedientes, um esposo(a) menos complicado(a). Você acha que lhe falta algo para
ser como deveria, e nem se lembra do amor de Deus.
"... porque o Senhor a tinha deixado estéril, sua rival a provocava continuamente, a fim de irritá-la. Isso acontecia ano após ano. Sempre que Ana subia à casa do Senhor, sua rival a provocava e ela chorava e não comia." 1 Samuel 1:6,7
Pior do que nos sentirmos incompletos, é sermos
lembrados disso de maneira cruel. Assim acontecia com Ana.
Podemos sofrer diariamente um “Bullyng social”, todos
os meios de comunicação que nos cercam nos chamam de incompletos. Precisamos
daquele carro, daquele celular, daquela roupa. Precisamos fazer aquela viagem.
Precisamos ter aquele corpo.
Deixamos que os conceitos mundanos digam quem devemos
ser, e geralmente o mundo é tão cruel quanto Penina com aqueles que não
correspondem aos seus padrões.
Sua tristeza, mesmo sendo cristão, pode ser fruto
daquilo que você acredita que te faz incompleto. Ana chorava, perdia o apetite,
talvez esteja ocorrendo o mesmo com você.
O papel de Penina era diminuir Ana para se sentir
maior, mesmo que não necessitasse disso, no mundo não é diferente, é preciso
diminuir aqueles que não correspondem aos seus padrões, para elevá-los.
"Elcana, seu marido, lhe perguntava: "Ana, por que você está chorando? Por que não come? Por que está triste? Será que eu não sou melhor para você do que dez filhos? "1 Samuel 1:8
A pergunta pra você que se acha incompleto(a) é: “Será
que o amor de Jesus não é melhor do que qualquer coisa que você diz lhe estar
faltando?”. Uma frase que li esses dias me comoveu bastante por tratar de nossas prioridades como cristãos: “Eu não choro porque não tenho alguma coisa, eu choro
porque não sou como Jesus” (Paul Washer).
Por que corresponder ao que o mundo nos exige se tudo
que há no mundo está condenado a perecer. Por que não damos valor ao que
devemos ser em Cristo, tesouros que a traça e a ferrugem não podem corromper.
Enquanto Cristo não for nosso maior tesouro, nos
veremos na infelicidade de corresponder às expectativas mesquinhas desse mundo.
Somente em Cristo somos completos, nada nos falta,
somos para Deus perfeitos por estarmos nele.
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